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Educação na ponta da navalha

Em 29/06/2020 às 11:59:02

A gente se lamenta de como chegamos nessa situação de que se encontra a educação neste país. Dá para entender, que nunca se importaram como esse ministério, apenas para a verba que ela recebe. Por isso o interesse pela pasta. Apenas isso. O sucateamento é proposital. Se temos seres pensantes, não votariam no governo que entrou, mas como temos problemas crônicos nesse quesito, acabamos contraindo mais esse vírus. Tentam criminalizar as universidades, sucateando mais e mais. Apesar disso, são as melhores da América latina. A educação pública, já foi considerada uma educação de ponta e hoje estamos à mercê das escolas particulares. Já tivemos uma curva de retomada, mas novamente temos o declínio com gestão liberal.

Começamos mal. A educação começou em 1549, focada exclusivamente na catequização. Só aí, percebemos o quanto temos uma dívida desde a formação do nosso país. Logo depois, na era colonial, temos uma metodologia, que servia apenas aos mais abastados. As regras familiares, vinda dos portugueses, era que o primogênito seria herdeiro das propriedades da família; o segundo filho estudaria na Europa e o terceiro seria padre. Lembrando que a educação era direcionada aos homens. As mulheres não tinham acesso aos colégios. Somente com a chegada da família real em 1808 é que temos os primeiros ensaios de uma educação pública. Continuava sem investimentos reais e os mais ricos continuavam seus estudos na Europa. Somente em 1827, as meninas podiam frequentar as aulas, graças ao artigo nº1 da lei de educação: Em todas as cidades, vilas e lugares mais populosos, haverão as escolas de primeiras letras que forem necessárias. A tentativa de mudar essa realidade, só foi acontecer a partir da década de 1920, onde se preocupou em democratizar a educação de qualidade para todos. Os modelos foram melhorando, verbas aumentando, até chegarmos ao regime militar. Aí, temos uma descendência até os dias de hoje. Queremos voltar a tradição jesuítica novamente, para um melhor controle da população.

Nesse sentido, chegamos ao golpe contra Dilma. Mendonça Filho, foi o ministro na época. Herdeiro de agroindústrias. A posição ideológica de calar o pensamento começou a ser instaurado começando justamente em atingir a liberdade de expressão, mas de maneira sutil. Acabando pelas beiradas. Incitando aos poucos que o melhor é o ensino privado. Mas ao menos havia o diálogo, debates e funcionamento da instituição, no que diz respeito aos calendários e orçamentos da pasta.

Com a extrema-direita entrando poder, na gestão Bolsonaro, temos a evolução da deterioração da pasta em ritmo galopante. Em um ano e pouco, vimos três Ministros assumirem a pasta da educação. O que vimos como apresentação de currículo foi um festival de mestrados e doutorados imaginários e plágios.

Ricardo Vélez Rodriguez, o primeiro ministro, errou 22 vezes em seu currículo e esqueceu de acrescentar coautores de seus textos, como no livro “Formação e Perspectivas da Social-democracia”. No ministério, os poucos meses em que ficou, não fez nada em relação a educação, mas nomeou figuras nazistas, incoerentes para o cargo, tentando aparelhar ideologicamente, além de suas falas incomodarem toda sociedade acadêmica.

Abraham Weintraub, seu substituto, mostrou que o que era ruim, pode piorar. Além de inconsistências em seu currículo, falhas em instituições, praticava o autoplágio em artigos publicados, prática abominada na comunidade cientifica. Com mais tempo no cargo, também se preocupou apenas em agir para financiar ataques ideológicos em qualquer meio, deixando o que interessava, a educação, de lado. Agora, é foragido do Brasil, sendo um dos piores ministros da história desse país.

Carlos Alberto Decotelli, entra como terceiro ministro. Entrou com um anuncio que apaziguou no primeiro momento, falando em ouvir e conversar e ser apenas técnico. Podia ser um alívio, mas já surgiram os primeiros problemas mesmo antes de assumir. Estava no meio do imbróglio o FNDE com problemas graves na licitação e compra de laptops. Quanto ao seu currículo: Indícios de plágio no mestrado, a Universidade Argentina nega que ele tenha concluído doutorado e a Universidade alemã onde diz ter feito pós-doutorado afirma que ele não recebeu título algum. Ou seja, provavelmente, entramos em outra canoa furada.

Não dá mais para lamentar essa pouca vergonha, essa ronha, esse carnaval de argumentações. Queremos de imediato que os prazos não se percam, que o ENEM seja justo para todos e que a educação seja prioridade para nosso futuro, com salários justos aos professores e ensino gratuito de qualidade. Nada menos importa!

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